As árvores de Brasília me lembram as árvores da China, sem eu nunca ter estado lá.
O céu da capital, quando noite, não anoitece e mais me parece o céu da Inglaterra, um céu que desconheço.
Os prédios de Brasília me encantam por seus formatos alinhados, suas janelas planas e o colorido ainda vivo dos anos 80.
Parece-me um tanto democrático, o empilhamento de suas janelas. Todas abertas a um só ângulo, de frente ao trânsito, abaixo do céu (nem azulinho, nem azulão), de olho nas árvores belas da china.
Sei que, meio a tanto contra-tempo, se passando à vista de nossas varandas, a vontade é de observar tudo do lado de dentro, espichado em uma janela ou sentado em uma poltrona. Ora, mas se vejo tudo do lado de dentro de meu apartamento, começo a pensar que tudo me parece um quadrado. Um céu quadrado, um carro quadrado, um homem enquadrado. Sob a minha visão, vejo o mundo sempre na mesma proporção. Nem mais, nem menos. Assim, meu mundo está sempre pequeno, encaixado em uma janela.
E se eu quiser ir ao lago Paranoá? À alvorada? À ponte JK? Acredito que terei que despencar-me janela abaixo. agora, não daria. estou cheia de preguiça. Pensando bem, vou deixar de lenga-lenga e voltar a outra janela, uma do tipo moderna, uma tela colorida onde vejo o que quero e escuto sem muita atenção sobre uma cidade sem muita identidade ( de céu nem claro nem escuro, árvores da China e janelas planas), um lugar chamado solidão.
Certo dia, me perdi nos espaços vagos desta cidade e deparei-me com prédios de mil andares. Prédios de mármore e janelas que não carregavam um colorido velho de décadas atrás. Eram janelas espelhadas de um vidro vistoso,mas, nem por isso eram belos. Eram várias, tantas que nem me lembro. Janelas de cima abaixo, por todos os lados. Irritei-me veemente com o que via em frente a mim, era uma construção que nunca vi, uma nova invenção com belos azuleijos e uma velha esguichada na varanda.
Logo, perguntei-me: Como pode haver janelas lá no fundo? A quem os moradores olharão? Olharão as janelas alheias? O tédio entre uma casa e outra? Mas, e as árvores da China e o céu inglês? Agora, já me parecem que estão longe, bem distantes de mim. Entre minha janela sempre plana e a velha esguichada na nova construção, vejo que não há tanta diferença. Estamos sempre a procura de um só lado, não importa se do esquerdo, do direito, de frente ou detrás. Tudo me parece enquadrado, um imenso quadrado.
Vou em busca de alguém que me diga, por favor, aonde estão as passeatas e a política, o banho de sol no lago. Quero ver a história ao vivo e a cores, não mais na poltrona de minha sala. Não quero mais ver apenas o céu de Londres ou as árvores da China, quero conhecer gente do Sul, do Rio e do Nordeste, dançar maracatu, comer acarajé e tomar chimarrão. Visitar o presidente, contar como anda a nossa gente e quem sabe, conhecer Ariano Suassuna.
Agora, sei que tudo fora do quadrado é mais bonito e mais vivo. Não volto hoje para casa, sem descobrir as tribos de índios pataxós, sem ouvir Vinícius de Morais. Quero saber se meu Brasil é maior do que as favelas do Rio de Janeiro, a sujeira do Congresso e a seca do Nordeste. Se é maior que a melancolia da velha esguichada no castelo de vidro, a nostalgia de Brasília, do que a nova novela das oito.
O céu da capital, quando noite, não anoitece e mais me parece o céu da Inglaterra, um céu que desconheço.
Os prédios de Brasília me encantam por seus formatos alinhados, suas janelas planas e o colorido ainda vivo dos anos 80.
Parece-me um tanto democrático, o empilhamento de suas janelas. Todas abertas a um só ângulo, de frente ao trânsito, abaixo do céu (nem azulinho, nem azulão), de olho nas árvores belas da china.
Sei que, meio a tanto contra-tempo, se passando à vista de nossas varandas, a vontade é de observar tudo do lado de dentro, espichado em uma janela ou sentado em uma poltrona. Ora, mas se vejo tudo do lado de dentro de meu apartamento, começo a pensar que tudo me parece um quadrado. Um céu quadrado, um carro quadrado, um homem enquadrado. Sob a minha visão, vejo o mundo sempre na mesma proporção. Nem mais, nem menos. Assim, meu mundo está sempre pequeno, encaixado em uma janela.
E se eu quiser ir ao lago Paranoá? À alvorada? À ponte JK? Acredito que terei que despencar-me janela abaixo. agora, não daria. estou cheia de preguiça. Pensando bem, vou deixar de lenga-lenga e voltar a outra janela, uma do tipo moderna, uma tela colorida onde vejo o que quero e escuto sem muita atenção sobre uma cidade sem muita identidade ( de céu nem claro nem escuro, árvores da China e janelas planas), um lugar chamado solidão.
Certo dia, me perdi nos espaços vagos desta cidade e deparei-me com prédios de mil andares. Prédios de mármore e janelas que não carregavam um colorido velho de décadas atrás. Eram janelas espelhadas de um vidro vistoso,mas, nem por isso eram belos. Eram várias, tantas que nem me lembro. Janelas de cima abaixo, por todos os lados. Irritei-me veemente com o que via em frente a mim, era uma construção que nunca vi, uma nova invenção com belos azuleijos e uma velha esguichada na varanda.
Logo, perguntei-me: Como pode haver janelas lá no fundo? A quem os moradores olharão? Olharão as janelas alheias? O tédio entre uma casa e outra? Mas, e as árvores da China e o céu inglês? Agora, já me parecem que estão longe, bem distantes de mim. Entre minha janela sempre plana e a velha esguichada na nova construção, vejo que não há tanta diferença. Estamos sempre a procura de um só lado, não importa se do esquerdo, do direito, de frente ou detrás. Tudo me parece enquadrado, um imenso quadrado.
Vou em busca de alguém que me diga, por favor, aonde estão as passeatas e a política, o banho de sol no lago. Quero ver a história ao vivo e a cores, não mais na poltrona de minha sala. Não quero mais ver apenas o céu de Londres ou as árvores da China, quero conhecer gente do Sul, do Rio e do Nordeste, dançar maracatu, comer acarajé e tomar chimarrão. Visitar o presidente, contar como anda a nossa gente e quem sabe, conhecer Ariano Suassuna.
Agora, sei que tudo fora do quadrado é mais bonito e mais vivo. Não volto hoje para casa, sem descobrir as tribos de índios pataxós, sem ouvir Vinícius de Morais. Quero saber se meu Brasil é maior do que as favelas do Rio de Janeiro, a sujeira do Congresso e a seca do Nordeste. Se é maior que a melancolia da velha esguichada no castelo de vidro, a nostalgia de Brasília, do que a nova novela das oito.
por Tainá Falcão
3 comentários:
mtooo maneiro !
curti!
=)
bjum
minha pequena grande jornalista! :~)
adorei isso aqui.
(L)
Eu me pergunto se estavas em Brasília quando escreveu isso (agora que já li todo o blog, vi que deverias estar lá mesmo), pq ta bem “eu tou escrevendo EM Brasília”. E só me lembrou de uma música de uma banda de lá... “Tédio (com um T bem grande pra você)”. A solidão na selva de pedras, o esporte “preferido”, a nadação... É triste!
Só que de uma tristeza bonita.. então, soa melancólico, romântico... saudosista... saudades de um local onde nunca esteve... projeção de arvores e céus que não estavam lá...
Tanta reta e quadrado, e linhas e etc (e EXATIDÃO) causam depressão... além do “verde horizontal” em Brasília... que nem as curvas gostosas de Niermayer conseguiu suavizar.
Enfim, que voltes pro Brasil menos exato... mais natural.
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