Era sábado. No fundo da casa, as crianças corriam e atravessavam o jardim para se refrescarem com os pingos de água que saiam turvos do jato mecânico para molhar as flores. Camila tinha as calças dobradas até um pouco abaixo dos joelhos. Os pés balançavam dentro da piscina e arremessavam com leveza alguns pingos para molhar o busto que já suava em bicas. Era aniversário da prima, Cristina. Do outro lado do jardim, uma mesa com três rapazes que tentavam impressionar Cristina com histórias fantasiosas sobre amor, intriga e sexo. Cristina sorria sem graça e desviava o olhar para o canto. Observava Pedro. Era introspectivo e, a primeira vista, inseguro. Mas tinha que haver algo de especial com o rapaz, algo invisível aos olhos, um perfume, talvez, o jeito como tragava o cigarro quase morto entre os dedos. Cristina o olhava com ternura, sorria invariavelmente para os outros meninos que tentavam impressionar, mas estava surda. Pedro nada lhe dizia. Nem se quer a olhava, tinha os olhos presos aos pés de Camila. Cristina não percebera. Não ouvia o barulho que faziam os meninos ao seu lado, as crianças que gritavam, as tias que gargalhavam estridentes. Cristina não ouvia nada alem da respiração de Pedro. Lentamente, sugava a fumaça do cigarro que prendia quase morto entre os dedos. Soltava com rapidez. Camila percebeu que Pedro olhava seus pés. Levantou-se da água, desabotoou a calça, tirou a blusa e pulou na piscina de biquíni. Foi até a outra borda, onde estava Cristina. Chegou perto, de mansinho, perguntou:
- O que está olhando, Cristina?
Cristina tratou de desviar o olhar. Apontou para a porta da casa e disse:
- Vamos, Camila. Ponha uma roupa e venha cantar os parabéns.
- Mas o que há de errado com o meu biquíni? Além do que, está calor. Quero ficar desse jeito.
- Não me aborreça, Camila. Hoje é meu aniversario.
- Não adiante, Cristina. Não vou trocar de roupa.
Enquanto as meninas discutiam se Camila deveria vestir-se, Pedro aproximou-se e disse:
- Deixe Camila ficar como quiser, Cristina, deixe.
A mãe de Cristina, já bêbada de wisky, dançava sozinha a música de Maria Betania que propunha “Eu quero ser possuída por você. Pelo seu corpo, pela sua proteção, pelo seu sangue. Me ama”!
Camila sacudiu a canga que lhe envolvia ao redor da cintura. Molhava-se apenas do suor que lhe escorria do rosto. Cristina, já tomada de raiva sentia-se inferior. Era mais bela que Camila, mas diante da ousadia de Camila que já rodeava no corpo as mãos volumosas de Pedro, sentia-se feia, inferior. Camila aproximou o rosto de Pedro, tocou-lhe a nuca com os lábios até que a respiração do rapaz fosse ouvida ofegante.
Era como se as crianças no jardim fossem invisíveis. O mundo era Maria Bethania a cantar: “Do teu corpo revelando o meu corpo. Como se o mundo fosse pela primeira vez. Você meu ponto de referência nesta cidade”. Cristina deixou que uma veia lhe escapulisse na testa. Era certo que estava nervosa. Ao sentir os dedos de Pedro pressionarem a curva da cintura, Camila gargalhou. Afastou-se do rapaz e encarou os olhos marejados da irmã mais velha.
- Não sejamos patéticos, vamos. – disse Camila a caminho da porta de casa.
Cristina deixou que uma lágrima lhe escorresse no rosto e secasse com o vento que anunciava a chegada de uma tempestade inesperada. Os poucos convidados que ainda restavam na festa, retiraram-se. Era apenas Cristina e Pedro. Camila entrou na casa. A música parou. Chovia forte neste momento. Cristina permaneceu ali mesmo onde estava quando via Pedro escorregar as mãos no corpo da irmã. A chuva lhe desmanchou o penteado e colou o largo vestido no corpo exuberante. Aquela cena cegou os olhos do amado. Pedro a olhava com a boca semi-aberta de desejo. Cristina gargalhou alto, assim como fazia Camila quando queria impressionar. Pedro aproximou-se e lhe pressionou os lábios com a boca entreaberta. Desabotoou o vestido e se amaram ali, no jardim purificado pela inocência das crianças que antes o habitavam. Camila assistia a cena pela fresta da janela do quarto. Chorava de raiva pois não amava Pedro, amava Cristina.
- O que está olhando, Cristina?
Cristina tratou de desviar o olhar. Apontou para a porta da casa e disse:
- Vamos, Camila. Ponha uma roupa e venha cantar os parabéns.
- Mas o que há de errado com o meu biquíni? Além do que, está calor. Quero ficar desse jeito.
- Não me aborreça, Camila. Hoje é meu aniversario.
- Não adiante, Cristina. Não vou trocar de roupa.
Enquanto as meninas discutiam se Camila deveria vestir-se, Pedro aproximou-se e disse:
- Deixe Camila ficar como quiser, Cristina, deixe.
A mãe de Cristina, já bêbada de wisky, dançava sozinha a música de Maria Betania que propunha “Eu quero ser possuída por você. Pelo seu corpo, pela sua proteção, pelo seu sangue. Me ama”!
Camila sacudiu a canga que lhe envolvia ao redor da cintura. Molhava-se apenas do suor que lhe escorria do rosto. Cristina, já tomada de raiva sentia-se inferior. Era mais bela que Camila, mas diante da ousadia de Camila que já rodeava no corpo as mãos volumosas de Pedro, sentia-se feia, inferior. Camila aproximou o rosto de Pedro, tocou-lhe a nuca com os lábios até que a respiração do rapaz fosse ouvida ofegante.
Era como se as crianças no jardim fossem invisíveis. O mundo era Maria Bethania a cantar: “Do teu corpo revelando o meu corpo. Como se o mundo fosse pela primeira vez. Você meu ponto de referência nesta cidade”. Cristina deixou que uma veia lhe escapulisse na testa. Era certo que estava nervosa. Ao sentir os dedos de Pedro pressionarem a curva da cintura, Camila gargalhou. Afastou-se do rapaz e encarou os olhos marejados da irmã mais velha.
- Não sejamos patéticos, vamos. – disse Camila a caminho da porta de casa.
Cristina deixou que uma lágrima lhe escorresse no rosto e secasse com o vento que anunciava a chegada de uma tempestade inesperada. Os poucos convidados que ainda restavam na festa, retiraram-se. Era apenas Cristina e Pedro. Camila entrou na casa. A música parou. Chovia forte neste momento. Cristina permaneceu ali mesmo onde estava quando via Pedro escorregar as mãos no corpo da irmã. A chuva lhe desmanchou o penteado e colou o largo vestido no corpo exuberante. Aquela cena cegou os olhos do amado. Pedro a olhava com a boca semi-aberta de desejo. Cristina gargalhou alto, assim como fazia Camila quando queria impressionar. Pedro aproximou-se e lhe pressionou os lábios com a boca entreaberta. Desabotoou o vestido e se amaram ali, no jardim purificado pela inocência das crianças que antes o habitavam. Camila assistia a cena pela fresta da janela do quarto. Chorava de raiva pois não amava Pedro, amava Cristina.
8 comentários:
apenas e sempre a ele.
adorei, estava fazendo falta tuas linhas por aqui.
beijo
Thayná, fico muito feliz em saber que você está trilhando seu caminho
bem sedimentado. Sua literatura é maravilhosa e de exelente construção. Como é gratificante vêr
surgir um talento, mexe com nosso "interior ", principalmente quando está próximo à nós.
Que Deus te ilumine...
Chico de Assis
Nosa linda, como vc escreve bem, não sabia que escrevia assim não, está de Parabens !!!
Tenho um livro que escrevo algumas coisas tbm, qualquer dia te mostro caso queira ver.
bjoss
Caso não saiba, aqui é o Daniel da Camara do 9 andar rs...
esse blog aqui é meu e do meu irmão, mas eu q entro mais nele.
Belo texto Tainá, fazia tempo que não entrava aqui, e agora será meu roteiro de leitura... Fiquei feliz em te reencontrar hoje (23/11/2009).
Beijos,
Assis
adorei seu texto..vc escreve muito bem...parabens!!!!!!!
adorei seu texto.. parabens continue sempre assim inspirada... bjao
Ah não... preciso sair da cama, mas estou presa na sua literatura. Obrigada por isso, Tainá! Lindos textos!
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