O telefone tocou na casa de Marcos e Lúcia Soares. Casados há cinco anos e sem filhos, os Soares eram um casal como qualquer outro na grande São Paulo. Acordavam às 7h para trabalhar. Ela era secretária, ele bancário. Lúcia gostava de ir andando ao trabalho localizado há duas ruas de sua casa. Marcos insistia para lhe dar uma carona, Lúcia sempre amansava a voz para dizer: - Não precisa benzinho. Vou andando. Faz bem para o corpo. Afinal, tenho que estar a sua altura. O marido estufava o peito orgulhoso de si. Era quinze anos mais velho do que Lúcia, mas, garantia a si próprio que os outros não percebiam a diferença de idade.
Lúcia – disse o marido enquanto lhe dava um cutucão.
Hum... – respondeu Lúcia ainda sonolenta.
É que... Droga! Olha Lúcia, acorda. Precisamos conversar.
A esta hora, Marcos? – indagou a mulher irritada.
Sim, Lúcia! A esta hora! Eu não consigo dormir...
Ai amor, insônia de novo? Eu te faço um chá...
Não, Lúcia! Olha, Lucinha... Vem cá, senta aqui pertinho vai... Vamos conversar...
Lúcia – que já estava a caminho da cozinha – olhou para o marido com ar de aflição.
Marcos, estou ficando preocupada! É o papai? Fala Marcos... Aconteceu alguma coisa com o papai? Ai meu deus! Foi o papai! – gritava Lúcia enquanto os olhos marejavam pelo incerto.
Não, Lúcia. Não é nada disso... – aliviou o marido. Marcos levantou-se nervoso, colocou os óculos e encarou a mulher que sentada no canto da cama parecia indefesa.
Por acaso, você lembra da Vilma? - perguntou o marido a mulher, em tom desafiador.
Lúcia desviou o olhar. – Marcos, estou com sono. Não sei quem é Vilma. Não conheço ninguém com esse nome.
Espertinha – balbuciou o marido.
Desculpe? – perguntou Lúcia.
Espertinha, sim! Você sabe quem era no telefone, Maria Lúcia? Não tem idéia, não é? – disse o marido que segurava a mulher pelo braço.
Era o Paulo, Maria Lúcia.
Que Paulo? – indagou a mulher.
Que Paulo? Cara de pau. Qual o único Paulo que você conhece, mulher? O Paulo, meu cunhado, irmão da minha irmã Vilma.
Ora, meu amor. Mas você falava da Ana Vilma? A Aninha? Como eu poderia adivinhar que era da Aninha que estava falando.
Marcos andava rápido pelo quarto.
É claro que eu falava da Vilma, minha irmã.
Mas ela não é sua irmã de verdade, é irmã de criação... Você mesmo me contou que sua mãe a pegou para criar quando ela ainda era uma criança...
Não interessa Lúcia.
É, não interessa Marcos. Aliás, porque está me perguntando sobre a Ana? Vilma.
Ah! Faça-me o favor... Disse o rapaz em tom de deboche.
Eu sempre desconfiei – balbuciou.
Não estou entendendo - disse a mulher.
O negócio é o seguinte. Eu vi o jeito como...
Como o que, criatura?
O jeito como vocês se olham. Como se elogiam quando se encontram. Lúcia! Você não percebe? Todos já notaram. Eu me sinto humilhado. Você é mesmo uma sem-vergonha. O Paulo me ligou... Ele disse que achou um bilhete seu.
O bilhete, vagabunda! – Marcos levantou a mão esquerda ao alto para esbofetear Maria Lúcia. Ela ficou como estava. Com a cara a tapa. Como se lhe dissesse “vai em frente, covarde”.
No bilhete, Maria Lúcia relatava seu forte desejo de passear sob as curvas do corpo de Ana Vilma. Pedia-lhe – que pelo amor de Deus – fosse encontrá-la em horário de almoço, pois três dias sem tocá-la já lhe causava ânsia de vomito.
Lúcia se levantou. Encarou Paulo nos olhos. E soltou uma gargalhada prazerosa.
E você ainda ri? Sua descarada...
Não precisa fingir Marcos. Eu sei que você e o Paulo também se encontram na casa da Ana. Aliás, eu não. A torcida do flamengo inteirinha. – debochou Maria Lúcia enquanto ria.
Marcos começava a se preocupar. Pensava nos amigos do banco. E lembrou que, ultimamente, era boicotado não apenas do choppe depois do expediente, mas também, das partidas de futebol encabeçadas pelo chefe.
Marcos desabou-se em lágrimas. Lúcia que agora fumava um cigarro na janela, aproximou-se para lhe dar um abraço. O marido caiu no sono depois de um remédio que lhe acalmou os nervos. Lúcia escovou os dentes. Deitou na cama, sorriu. Olhou para Marcos que dormia ternamente. E pensou que precisava dormir para não se atrasar para o trabalho.
Lúcia – disse o marido enquanto lhe dava um cutucão.
Hum... – respondeu Lúcia ainda sonolenta.
É que... Droga! Olha Lúcia, acorda. Precisamos conversar.
A esta hora, Marcos? – indagou a mulher irritada.
Sim, Lúcia! A esta hora! Eu não consigo dormir...
Ai amor, insônia de novo? Eu te faço um chá...
Não, Lúcia! Olha, Lucinha... Vem cá, senta aqui pertinho vai... Vamos conversar...
Lúcia – que já estava a caminho da cozinha – olhou para o marido com ar de aflição.
Marcos, estou ficando preocupada! É o papai? Fala Marcos... Aconteceu alguma coisa com o papai? Ai meu deus! Foi o papai! – gritava Lúcia enquanto os olhos marejavam pelo incerto.
Não, Lúcia. Não é nada disso... – aliviou o marido. Marcos levantou-se nervoso, colocou os óculos e encarou a mulher que sentada no canto da cama parecia indefesa.
Por acaso, você lembra da Vilma? - perguntou o marido a mulher, em tom desafiador.
Lúcia desviou o olhar. – Marcos, estou com sono. Não sei quem é Vilma. Não conheço ninguém com esse nome.
Espertinha – balbuciou o marido.
Desculpe? – perguntou Lúcia.
Espertinha, sim! Você sabe quem era no telefone, Maria Lúcia? Não tem idéia, não é? – disse o marido que segurava a mulher pelo braço.
Era o Paulo, Maria Lúcia.
Que Paulo? – indagou a mulher.
Que Paulo? Cara de pau. Qual o único Paulo que você conhece, mulher? O Paulo, meu cunhado, irmão da minha irmã Vilma.
Ora, meu amor. Mas você falava da Ana Vilma? A Aninha? Como eu poderia adivinhar que era da Aninha que estava falando.
Marcos andava rápido pelo quarto.
É claro que eu falava da Vilma, minha irmã.
Mas ela não é sua irmã de verdade, é irmã de criação... Você mesmo me contou que sua mãe a pegou para criar quando ela ainda era uma criança...
Não interessa Lúcia.
É, não interessa Marcos. Aliás, porque está me perguntando sobre a Ana? Vilma.
Ah! Faça-me o favor... Disse o rapaz em tom de deboche.
Eu sempre desconfiei – balbuciou.
Não estou entendendo - disse a mulher.
O negócio é o seguinte. Eu vi o jeito como...
Como o que, criatura?
O jeito como vocês se olham. Como se elogiam quando se encontram. Lúcia! Você não percebe? Todos já notaram. Eu me sinto humilhado. Você é mesmo uma sem-vergonha. O Paulo me ligou... Ele disse que achou um bilhete seu.
O bilhete, vagabunda! – Marcos levantou a mão esquerda ao alto para esbofetear Maria Lúcia. Ela ficou como estava. Com a cara a tapa. Como se lhe dissesse “vai em frente, covarde”.
No bilhete, Maria Lúcia relatava seu forte desejo de passear sob as curvas do corpo de Ana Vilma. Pedia-lhe – que pelo amor de Deus – fosse encontrá-la em horário de almoço, pois três dias sem tocá-la já lhe causava ânsia de vomito.
Lúcia se levantou. Encarou Paulo nos olhos. E soltou uma gargalhada prazerosa.
E você ainda ri? Sua descarada...
Não precisa fingir Marcos. Eu sei que você e o Paulo também se encontram na casa da Ana. Aliás, eu não. A torcida do flamengo inteirinha. – debochou Maria Lúcia enquanto ria.
Marcos começava a se preocupar. Pensava nos amigos do banco. E lembrou que, ultimamente, era boicotado não apenas do choppe depois do expediente, mas também, das partidas de futebol encabeçadas pelo chefe.
Marcos desabou-se em lágrimas. Lúcia que agora fumava um cigarro na janela, aproximou-se para lhe dar um abraço. O marido caiu no sono depois de um remédio que lhe acalmou os nervos. Lúcia escovou os dentes. Deitou na cama, sorriu. Olhou para Marcos que dormia ternamente. E pensou que precisava dormir para não se atrasar para o trabalho.