De seus cabelos bem arrumados num coque japonês a maquiagem leve que lhe dava um ar juvenil, não se poderia questionar o bastante para saber se eram verdadeiras suas palavras ou se as frases surpreendentes lhe saiam de atos forçados, meticulosamente ensaiados, como nos filmes.
Uma vida medíocre, a qual empurrava com a barriga. Não havia exata certeza das coisas que queria mas, se a perguntasse, uma vez que fosse , o que lhe causava desgosto, lhe diria em alto e bom tom, com o coração sincero que tinha.
De seus pais lhe restaram muitos resquícios, destes marcantes, que se percebe a olho nu. Não escondia o gosto pelas pessoas tristes e sinceramente antipáticas. Cansava-se rápido de festas e velhos amigos. Eram estas festas, visivelmente, desinteressantes. Centenas, milhares de pessoas, falsamente alegres cobertas por vestes modernas e insensatas, o que lhes davam um ar soberbo, um pouco mais de caridade a vida cretina que, certamente, levavam.
Fingindo-se, muitas vezes, de surda diante das conversas maçantes, goleava o uísque e se imaginava, com certo pavor, desnuda em seu velório,coberta por flores e um cheiro doce empestando o local. Imaginava, não sabia o porque, uma morte simples e elegante. Seria num dia que não acordasse de sua cesta diária e reencontrasse milhares de sorrisos plastificados chorando sem razão. A todo momento perguntava a si mesma se o choro dos amigos seria pela sua morte. Sabe-se bem do sentimento de perda inevitável que é causado com a partida de alguém mas, tornava-se a repetir que aquilo era bastante desprezível,realmente, digno de pena, uma vez que é passageiro. Seria o choro,então, jorrado pelo tempo de vida? Sinceramente passava pela sua cabeça ser aquela tristeza continua um vasto sentimento de culpa pelos milhares de cartões de natais não enviados. Voltava a pensar na sua própria inutilidade perante a vida, perante a mediocridade das pessoas.
Era tão curto seu tempo. Pensava, inutilmente, nos compromissos que marcara para amanhã. Pensava que não lhe havia sobrado um escasso minuto para entregar-se ao mar, para deleitar-se junto ao marido, como quando antigamente. Indagou-se, varias vezes, sobre como era irresponsável por isso, não sabia administrar as horas e quando se dava conta estava cansada, deitada ao lado daquele homem que a chamava de minha mulher, um marido que perdia cada dia o significado amoroso e terno da palavra. O marido que se tornava, mais e mais, apenas um marido e uma aliança esquecida em seus dedos magros. Então, pensava , sem rancor, que com o tempo todo amor se tornava uma farsa.
Quando se olhava de perto no reflexo do espelho, lembrava-se de seu rosto quando jovem. Agora, um rosto pálido, esquálido e sofrido de mil amores. Amores que lhe serviam para consolo no fim do dia, serviam para um desabafo infantil ou o êxtase das ridículas discussões amorosas, aquelas que sempre lhe davam um embrulho no estômago. Tantos amores e nenhuma vontade de amar. Não negaria que lhe foram vários no entanto, inúteis e descabidos. Amores que hoje, não lhe fazem falta,quando se deita escassa na grama do jardim e se lembra, com nem tanta ternura, dos amigos e seus sorrisos de plástico, dos tempos em que sonhava com o marido e a casa de campo que nunca existiu. Lembrava-se da vida que jamais ansiou ter, mas que por ironia do destino acabara sendo sua.
Uma vida medíocre, a qual empurrava com a barriga. Não havia exata certeza das coisas que queria mas, se a perguntasse, uma vez que fosse , o que lhe causava desgosto, lhe diria em alto e bom tom, com o coração sincero que tinha.
De seus pais lhe restaram muitos resquícios, destes marcantes, que se percebe a olho nu. Não escondia o gosto pelas pessoas tristes e sinceramente antipáticas. Cansava-se rápido de festas e velhos amigos. Eram estas festas, visivelmente, desinteressantes. Centenas, milhares de pessoas, falsamente alegres cobertas por vestes modernas e insensatas, o que lhes davam um ar soberbo, um pouco mais de caridade a vida cretina que, certamente, levavam.
Fingindo-se, muitas vezes, de surda diante das conversas maçantes, goleava o uísque e se imaginava, com certo pavor, desnuda em seu velório,coberta por flores e um cheiro doce empestando o local. Imaginava, não sabia o porque, uma morte simples e elegante. Seria num dia que não acordasse de sua cesta diária e reencontrasse milhares de sorrisos plastificados chorando sem razão. A todo momento perguntava a si mesma se o choro dos amigos seria pela sua morte. Sabe-se bem do sentimento de perda inevitável que é causado com a partida de alguém mas, tornava-se a repetir que aquilo era bastante desprezível,realmente, digno de pena, uma vez que é passageiro. Seria o choro,então, jorrado pelo tempo de vida? Sinceramente passava pela sua cabeça ser aquela tristeza continua um vasto sentimento de culpa pelos milhares de cartões de natais não enviados. Voltava a pensar na sua própria inutilidade perante a vida, perante a mediocridade das pessoas.
Era tão curto seu tempo. Pensava, inutilmente, nos compromissos que marcara para amanhã. Pensava que não lhe havia sobrado um escasso minuto para entregar-se ao mar, para deleitar-se junto ao marido, como quando antigamente. Indagou-se, varias vezes, sobre como era irresponsável por isso, não sabia administrar as horas e quando se dava conta estava cansada, deitada ao lado daquele homem que a chamava de minha mulher, um marido que perdia cada dia o significado amoroso e terno da palavra. O marido que se tornava, mais e mais, apenas um marido e uma aliança esquecida em seus dedos magros. Então, pensava , sem rancor, que com o tempo todo amor se tornava uma farsa.
Quando se olhava de perto no reflexo do espelho, lembrava-se de seu rosto quando jovem. Agora, um rosto pálido, esquálido e sofrido de mil amores. Amores que lhe serviam para consolo no fim do dia, serviam para um desabafo infantil ou o êxtase das ridículas discussões amorosas, aquelas que sempre lhe davam um embrulho no estômago. Tantos amores e nenhuma vontade de amar. Não negaria que lhe foram vários no entanto, inúteis e descabidos. Amores que hoje, não lhe fazem falta,quando se deita escassa na grama do jardim e se lembra, com nem tanta ternura, dos amigos e seus sorrisos de plástico, dos tempos em que sonhava com o marido e a casa de campo que nunca existiu. Lembrava-se da vida que jamais ansiou ter, mas que por ironia do destino acabara sendo sua.
- Sua! - Repetia baixo com certa preocupação. Jamais pensou estar tão aprisionada há algo como agora. Jamais ouvira alguém dizer que era seu amor, sua casa, seu amigo, sua vida. Um pronome tão banal que lhe cabia num instante e lhe descabia logo depois. Sentiu-se grata por um minuto, para depois cair em lágrimas e indagando-se que agora, beirando os trinta, ainda questionava-se muito sobre a morte. E lhe vinha na mente uma pergunta insensata que lhe indignava e lhe dizia com nenhum rancor que aquela vida não a pertencia. Sabia bem que desde o momento de seu nascimento esteve aprisionada a mãos de pessoas diferentes, mãos castradores que lhe podavam as alegrias bestas. Lembrou-se que não haveria o que contestar. Bem, sabia ela do tamanho e sua beleza mas, era inevitável que seu marido não caísse nos braços de outras. Sabia que por mais bonita que fosse sua graça perdia-se quando sorria ao mundo aquele sorriso fraco. O sorriso era sincero, um sorriso que dizia ao mundo ; não pertenço a este lugar. Não conseguia fingir-se de contente e achava tudo tão patético ao ponto de parecer, ela própria, uma tola.
Enquanto as lágrimas escorriam, em erupção com o sol do meio dia, ela não se movia por nada neste mundo. Permaneceu estática e filosófica. Pensando naquele domingo calorento que parecia querer lhe queimar o corpo até a morte, a mesma morte que não lhe saia do pensamento. A morte que ela buscava desde já! Sufocava-lhe a vida que levava. Logo o céu tornou-se a esturricar, como que chorasse com o coração da mulher. Misturava-se no céu, o sol e a chuva numa dança a três. Enterrava os dedos na grama molhada até tocarem o solo lameiro. Penetrou-se, profundamente, na grama queimando e esperou em vão ser, completamente, absorvida. Esperou até que suas lágrimas se confundissem com os pingos ríspidos que caiam bruscos lá de cima e assim, pudesse tornar-se parte viva daquele ambiente, em uma nova fase, aquela que renasceria. Esperou, em vão, até tornar-se o sol, a chuva e o céu, todos embalados numa dança a três.
Enquanto as lágrimas escorriam, em erupção com o sol do meio dia, ela não se movia por nada neste mundo. Permaneceu estática e filosófica. Pensando naquele domingo calorento que parecia querer lhe queimar o corpo até a morte, a mesma morte que não lhe saia do pensamento. A morte que ela buscava desde já! Sufocava-lhe a vida que levava. Logo o céu tornou-se a esturricar, como que chorasse com o coração da mulher. Misturava-se no céu, o sol e a chuva numa dança a três. Enterrava os dedos na grama molhada até tocarem o solo lameiro. Penetrou-se, profundamente, na grama queimando e esperou em vão ser, completamente, absorvida. Esperou até que suas lágrimas se confundissem com os pingos ríspidos que caiam bruscos lá de cima e assim, pudesse tornar-se parte viva daquele ambiente, em uma nova fase, aquela que renasceria. Esperou, em vão, até tornar-se o sol, a chuva e o céu, todos embalados numa dança a três.
por Tainá Falcão
2 comentários:
Pode ou não acordar dessa vida patética que nos rodeia. Alguns logo acordam, outros demoram, muitos gostam e negam outras realidades, inconscientemente. Quando nos misturamos com algo simples e sincero como a natureza percebemos que a vida é realmente simples, e que, diretamente, fazemos parte da natureza.
Lembra quando Clarisse disse que as coisas não precisam ser extraordinárias para que se sinta o extraordinário. O sol, céu e a chuva são elementos da natureza tão simples mas que nos trazem felicidades todos os dias. Colocar a Mão na terra, sentir a chuva, perceber o sol e ver nisso uma alegria, é algo extraordinário! As vezes isso é o suficiente para nos fazer renascer. Nascer mais de uma vez é sempre uma alegria. As vezes queremos renascer todos os dias.
Adorei a crônica, concerteza vou reler. Li alguns trechos mais de uma vez para assim realmente entende-los. :). Mas quando vais brincar com contos? O melhor da vida é experimentar a propria arte, as vezes faz renascer.
Joaquim.
um grande beijo, hehehe.
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